quinta-feira, 7 de junho de 2012

 Me lembro como se fosse hoje quando tudo começou a mudar, a existência que a tanto eu levara comigo vinha se alterando cada dia mais e mais, eu perdia mais devotos a cada dia, como eu poderia sobreviver se meu poder vinha justamente daquilo, de cada joelho dobrado, cada promessa feita, de cada prece a mim dirigida.
 Antes eu era apenas um deles, porem as circunstancias de minha morte me tornaram mais do que isso, eu pairava no limbo quando ouvi a primeira voz sussurrando em meu ouvido.
 "Oh Carmessim guie nossos caminhos, proteja aqueles que partem de seus lares e que o sangue de nosso povo derramado não seja em vão, que tua mão guie a espada do guerreiro e que ela jamais erre seu alvo."
 Algo novo percorreu a matéria da qual minha alma se constituía, tudo queimava me senti vivo, a voz aumentava e com ela minha conciencia também, era como uma ancora me trazendo de volta a realidade. Então eu estava lá logo acima da mulher que clamava, prostrada junto à lapide de meu tumulo.
 Eu sabia o que ela queria e o que exatamente eu devia fazer, então segui deixando com que a energia que vinha de suas palavras alimentasse meu ser, cruzei milhas em o que me pareceu alguns instantes e la estava o campo de batalha, aquele era meu povo, era por aquilo que a mulher rogava, em pouco tempo mais vozes silenciosas se juntaram a primeira, me senti mais forte do que nunca e então parti para luta, guiando a mão de cada guerreiro, destruindo a vida do inimigo, me regojizando no sangue derramado.
 Foi assim que eu cresci, foi assim que todos os antigos cresceram, o clamor do povo, a fé e a devoção, mas no fim o esquecimento nos aguardava, não eramos nada mais do que humanos que tiveram seus espíritos transformados em deidades pelo poder da crença, mas não duraríamos para sempre, a verdade sempre aparece no final, o verdadeiro poder aquele que a tudo criou supera nossa medíocre força.
 Para aqueles que se renderam foi concedido o direito de voltar a Midgard, renascer e pagar pelo que foi feito, alguns como eu se lembram do que foram e do quão grande foram, porem nos resta vagar em mais uma existência humana e pagar por o que fizemos ate que chegue o dia do crepúsculo dos deuses, mas eu me lembro de quando me chamavam de Carmessim deus da carnificina.
 

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